segunda-feira, 2 de maio de 2011

Maldita Rotina que me mata


Sobre a rotina...
tradução:
Sobre a Rotina...
Como é possível que o Homem, o ser mais inteligente do Universo, aceite viver milhares de dias da sua existência de forma sempre igual?!
Levantar-se, lavar-se, comer, sair para o trabalho, almoçar às mesmas horas, no mesmo sítio, voltar ao mesmo trabalho, falar o mesmo com as mesmas pessoas, regressar à mesma casa no mesmo transporte, ler o mesmo jornal, ver todas as noites o mesmo programa da desinteressante televisão, deitar com a mesma pessoa que provavelmente ressona todas as noites... ou faz o mesmo sexo do dever conjugal, marcado no calendário...
E, no dia seguinte volta a levantar-se da mesma cama, com o sentimento horrível de «Ser a mesma merda todos os dias».
O pequeno-almoço é igual, o café é tomado apressado ao mesmo balcão da mesma pastelaria do bairro, frequentado sempre pelas mesmas pessoas.
Segue como um cordeiro no "Silêncio dos Inocentes" para as filas intermináveis de trânsito, até chegar ao tormento daquele trabalho/emprego automatizado em que parecemos robots ou papagaios repetitivos. Passam as horas e lá voltamos novamente para as filas que duram horas até chegar a casa. No caminho vamos ouvindo a mesmíssima música diária com o frustrado locutor a tentar inventar comentários novos, em vão...
A casa está ali, chegamos sem ponta de entusiasmo, subimos cansados ao apartamento igual ao de todos os vizinhos, de tal modo que se nos enganarmos no andar e conseguirmos entrar, tardiamente daremos pelo engano. As pessoas, como as casas usam o mesmo "décor", eles e elas de calças de ganga, camisola, óculos para a vista cansada... elas, mais produzidas, seguem todas o modelo das madeixas amarelas no cabelo ou o ruivo que também está na moda.
Liga-se inevitavelmente a televisão e sentados à frente do desfile de horrores que passam no telejornal, a família mastiga-os juntamente com a "fast food" do jantar, sempre com os olhos fixos na luz branca que irradia do écran e os hipnotiza.
Faz-se o serão familiar ali, no mesmo sofá de napa, agora esparramados a ver a telenovela da TVI ou o futebol da SIC ou RTP. Os elementos da família também dialogam, claro que sem se olharem uns aos outros, os olhos seguem a luz impiedosa, falam e comentam as cenas que vêm do écran, gritam , insultam mesmo uma figura qualquer... dão largas ao seu natural instinto de comunicação, mas por interposto sujeito/objecto - a TV, igual todos os dias, milhares de dias de uma vida sempre igual.
A vida é absurda.
Camus foi o escritor e filósofo que melhor analisou o ABSURDO da rotina.
Concluindo - quando o Homem toma consciência desse absurdo, dessa vida sem sentido, revolta-se.
A REVOLTA nasce da consciencialização do ABSURDO na vida do Homem.
Milucha

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